Pais e filhos: “Dizer não, na maior parte das vezes, é um ato de amor”

Pais e filhos: “Dizer não, na maior parte das vezes, é um ato de amor”

–> in “Observador” – http://observador.pt/2015/08/28/pais-e-filhos-dizer-nao-na-maior-parte-das-vezes-e-um-ato-de-amor/

Duas jornalistas e um psicólogo querem ajudá-lo a ajudar o seu filho a lidar com as ameaças do mundo exterior, redes sociais incluídas. O truque passa por saber dizer não, ato que é “um investimento”.

Há pais “abismalmente” ignorantes e filhos que nascem a saber mexer nos iPads, uma situação que provoca um choque de competências que, por estes dias, dá que falar. O mau uso da Internet e das redes sociais pode significar um conjunto de perigos para os mais novos, sobretudo quando em causa estão pais que “usam e abusam” desse universo e que, consequentemente, podem não ser os melhores exemplos. Essas e outras ideias são discutidas por duas jornalistas e um psicólogo — Fátima Caetano, Rita Rebelo e Paulo Sargento –, um trio que se juntou para escrever o livro Ensine o seu filho a dizer não (Matéria-prima).

Tal como o título deixa perceber, a obra pretende ajudar pais e filhos a evitar as diferentes ameaças que esperam, à espreita, fora de portas — desde o bullying ao consumo de drogas e de álcool, passando ainda por distúrbios alimentares e pela violência no namoro. O livro compreende vários temas e, para cada um, traz a lume casos reais e apresenta os diferentes sinais a que todos os pais devem estar atentos. Mas mesmo perante tantos perigos, os autores dizem a uma só voz que é a Internet a ameaça mais atual e com a qual poucos sabem lidar — exemplo disso são as crianças que bem antes dos 13 anos, idade definida pelo Facebook para ter um perfil, navegam pela rede social à imagem e semelhança de um utilizador mais velho.

E como evitar que pais e filhos caiam nas armadilhas dessa teia virtual? É tudo uma questão de dizer “não”, ação tida pelos autores como um investimento parental:

Temos dificuldade em dizer que não porque achamos que isso vai traumatizar a criança, mas vai traumatizar muito mais uma mão queimada ou uma queda das escadas abaixo. Dizer não’ na maior parte das vezes e quando é bem dito, é um ato de amor. Dizer sim é, às vezes, apenas um ato de extrema tolerância e desresponsabilização parental.”

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O livro aborda um conjunto de ameaças externas a que as crianças e os jovens estão sujeitos – perigos da Internet,bullying, violência no namoro, consumos ou distúrbios alimentares. Porquê esta seleção?
Fátima Caetano (FC)
: Estes temas são, sobretudo, os maiores desgostos dos pais. Os pais têm medo que os miúdos sofram de bullyingna escola, têm medo das drogas, do consumo do álcool, do sair à noite, da Internet… às vezes, esse medo existe de forma exagerada. Portanto, todos os temas que estão no livro acabam por ser os que, nos dias de hoje, representam os maiores terrores.
Rita Rebelo (RR): Chegámos à conclusão de quais são os grandes riscos e ameaças que, hoje em dia, afetam as crianças, e são esses que estão no livro.

Que afetam hoje ou que sempre afetaram?
Paulo Sargento (PS)
: Sempre não, até porque nem sempre houve computadores. Mas se olharmos para os media e picarmos as notícias relacionadas com ameaças para as crianças e para os adolescentes, vemos que são mais ou menos estas. Por outro lado, em termos clínicos aparecem sempre muitas queixas relacionadas com isto. Este é um livro mais virado para os pais, até porque o estilo de parentalidade também mudou um pouco. Hoje somos pais um pouco mais velhos. Antes fazíamos filhos, plantávamos uma árvore e escrevíamos um livro. Agora, escrevemos a enciclopédia, plantamos uma floresta e, depois, aos 40 temos filhos. Há aqui alguns choques de competências, designadamente em respeito às novas tecnologias: temos pais abismalmente ignorantes com miúdos que já nascem a mexer nos iPads.

Como é educar hoje uma criança e como era há 20 anos? E, atualmente, quais são os principais desafios para os pais?
PS:
Não é tão difícil de educar como era, o problema é que é diferente. Quando nós dizemos que hoje nascem poucas crianças porque há poucas condições e porque é mais caro… Devo lembrar que quando houve mais crianças foi quando a humanidade teve menos meios, isto é, na revolução industrial. Mas aí o valor que estava associado a ter um filho era a riqueza braçal. Hoje não, hoje temos uma concepção completamente diferente, uma cultura de direitos – felizmente que a temos – e precisamos de condições prévias para ter um filho. Há uma coisa que é evidente na nossa espécie, ou seja, há pessoas que não têm competências parentais. A maior parte dos seres humanos tem boas competências parentais: uns acordam-nas com a cria e lá vão andando com naturalidade, outros têm dificuldade mas pedem ajuda e há ainda quem não tenha competências e só faça desgraças. Os que pedem ajuda são os ideais para ler este livro.

Ensine o seu filho a dizer não

Pegando no título, para que um filho saiba dizer não face a diferentes ameaças, os pais também têm de dizer não em casa. Isso não será tão fácil como parece…
PS:
Não é tão fácil nem é tão difícil, até porque dizer não faz parte não só do vocabulário, como é uma das primeiras coisas que as crianças dizem. O “não” é das coisas mais saudáveis que podemos ouvir, tem é de ser no sítio certo, no local certo. Porque o problema de dizer não, em termos de prática parental, é o facto de o usarmos excessivamente, de o usarmos em defeito ou, ainda, fora do contexto. Ao usarmos pouco estamos a limitar pouco, ou seja, dá pouco a conhecer à criança e, depois, ao adolescente. Parecendo que não, o adolescente deve ouvir mais “nãos” do que as crianças e, ao limitar pouco, abre-se um conjunto de saídas ilusórias que representam perigos. Já o uso excessivo é, digamos, a ditadura parental ou, então, a autocracia parental. Não é a autoridade, porque nós temos de ser autoritários — na democracia familiar temos os mais velhos, que mandam, e os mais novos, que obedecem. Agora, o “não” serve para limitar quando ele é necessário. Por exemplo, quando há um perigo iminente – onde há umas escadas, um lume ou uma lareira. Temos dificuldade em dizer que não porque achamos que isso vai traumatizar a criança, mas vai traumatizar muito mais uma mão queimada ou uma queda das escadas abaixo. Dizer não, na maior parte das vezes e quando é bem dito, é um ato de amor. Dizer sim é, às vezes, apenas um ato de extrema tolerância e de desresponsabilização parental.

Mas à medida que a criança vai crescendo não fica cada vez mais difícil negar coisas?
PS:
Com os adolescentes é muito complicado, por isso temos de usar o “não” mais vezes. Antes, havia a ideia de que nas práticas educativas e parentais tínhamos de ser mais rígidos na infância, mas não. O adolescente procura mais limites – volto a dizer que não é autocracia parental, é autoridade parental (autocracia é um poder por si só; autoridade é uma afirmação com o cuidado que é necessário ter). Educar não é introduzir coisa nenhuma em ninguém, é saber guiar, estabelecer limites claros.

É preciso que os pais tenham de explicar aos adolescentes os motivos associados ao não?
RR:
Eu acho que os pais, muitas vezes, não sabem bem o que explicar — e não é só por falta de tempo. Por exemplo, a questão do abuso sexual. Se calhar é difícil para um pai explicar a uma criança até onde é que esta deve deixar que entrem na sua esfera. Nós divulgamos os casos [reais], mas é preciso ensinar os pais. Há pais que acham que deixar os filhos crescer é deixar que estes façam o que quiserem. Vejo cada vez mais crianças assim. Conheço famílias nas quais são as crianças quem diz para onde é se que vai de férias.

Mas isso é depositar a responsabilidade na criança, certo?
RR:
Sim. Mas há muita tendência para os pais mais velhos fazerem isso.
PS: É a inversão perfeitamente bacoca dos processos de decisão. Quem decide é quem tem mais capacidade para. Se o meu filho com dez anos me pede para conduzir o carro — e se eu o deixo –, estou a ser um completo irresponsável. Para já estou a praticar um ato ilegal e, depois, estou a ser um completo irresponsável sob o ponto de vista da educação porque não estou a transmitir que aquilo não se faz. Estou, ao invés, a transmitir que aquilo faz-se às vezes. Posto isto, o nosso comportamento é uma coisa terrível, porque se a gente faz uma vez e não há consequências, aquilo deixa de ser proibido para ser a perfeita normalidade e algo até desejável. Portanto, cabe a quem é mais velho e a quem tem mais experiência decidir.

No livro lê-se a seguinte frase: “Aprenda a dizer não sem problemas de consciência”. Isto é possível?
PS:
Quando o “não” é utilizado em prol da proteção, do carinho e da promoção gradual de autonomia, é absolutamente essencial. É um ato de amor.
RR: Dizer que sim “só daquela vez” pode criar um problema grave para o futuro. Muitos dos casos [reais] que temos no livro resultaram não só, mas também, por falta de “nãos”. Mas acho que também é o não querer ver. Em muitos casos ligados, por exemplo, ao consumo de álcool e de drogas, os pais não querem ver alguns dos sinais e encaram-nos como parvoíces da adolescência, da idade do armário. Isto é, relativizam muito. Não só não querem ver, como não têm a capacidade de dizer não na altura certa e, depois, isso vai trazer consequências no futuro.
PS: Dizer não é um investimento. Nós fazemos investimento parental em nome da espécie. Isso é que é seremos bons pais. É tentar preservar várias crias até um estado de maturidade… O António Aleixo tinha uma frase muito bonita sobre a educação: “Educar alguém é, sobretudo, ensinar alguém a tomar conta de si próprio.” Portanto, enquanto alguém não sabe tomar conta de si próprio…

As pessoas, hoje em dia, estão preparadas para serem pais?
PS:
Eu sou um otimista. Eu acho que sim, que a maior parte está — aquela que se sente mais insegura está hoje mais desperta para procurar ajuda. Quando eu, pai, tenho dificuldades e não peço ajuda — seja por vergonha, medo ou preconceito –, isso é que é terrível, uma vez que continuo no erro e na asneira. Hoje em dia, estamos a tentar mudar um pouco o mito do herói. O mito do herói muito neoliberal que nós temos estado a promover é aquele que derruba adversários para chegar a um determinado fim, é uma perspetiva maquiavélica. É um pouco a questão do “se o fim for só ter a boa nota, então eu faço de tudo para o conseguir, mesmo que aldrabe”. O mito do herói deve mudar para um herói mais construtivo, aquele que conquista amigos, o solidário, o que partilha.

O amor é uma coisa muito complexa. O amor não pode colocar em risco a vida das pessoas, nem a vida social. O amor é a abnegação, temos de estar completamente disponíveis, sem perder o norte de quem somos… O amor paternal é isto, a abnegação, mas nem isso nem a disponibilidade podem ser confundidas com a falta de coragem ou de tacto para guiar. Sou contra qualquer violência em relação à criança, mesmo contra a chamada palmada pedagógica — não sei o que isso é. É óbvio que nós, às vezes, temos de fazer confrontação física com os miúdos. Quando os adolescentes ganham força e nos confrontam, já as coisas estão mal, já houve um limite muito claro que foi ultrapassado.

Dos problemas que decidiram analisar no livro, qual consideram ser a ameaça mais atual?
PS: As redes sociais.

Algumas regras para uma utilização segura da Internet por parte dos seus filhos:
– coloque os computadores com acesso à Internet num local central da sala, para que, quando os seus filhos estiverem ligados à net, possam vigiá-los;
– estabeleça horários específicos para estarem ao computador e na Internet;
– bloqueie os sites que contêm conteúdo desaconselhado a crianças;
– utilize a Internet na companhia dos seus filhos, ajude-os nas pesquisas, nos trabalhos da escola, etc.;
– ensine os seus filhos a preservar a sua privacidade quando estão online;
– impeça os seus filhos de utilizarem os serviços de mensagens instantâneas, correio eletrónico, salas de chat ou redes sociais até que tenham maturidade para isso.

(Ensine o seu filho a dizer não, pág. 25 e 26)

Durante todo o livro é notória a ténue relação entre a preocupação de um pai e a privacidade de um filho, sobretudo no que diz respeito à introdução dos mais novos no mundo virtual.
PS:
Os pais são leitores de competências. Se a criança já é capaz de fazer algo e o pai continua a lá estar… então, está lá a fazer o quê? Mas se a criança ainda não é capaz e o pai não está presente, está-se a cometer um erro ainda maior. É claro que os miúdos começam a querer afastar-se dos pais desde muito cedo, mas devemos afastar-nos a partir de certos sinais que nos permitam perceber se a criança já tem, ou não, independência para fazer determinada coisa. Enquanto isso não acontecer, é arriscado afastarmo-nos.
RR: Os miúdos já nascem com o tal chip tecnológico — parece que já nascem ensinados. Qualquer criança antes dos 10 anos tem um perfil de Facebook e existem perigos associados a isto. O segredo está, essencialmente, em saber responsabilizar e vigiar. Eu acho que esse [a internet e as redes sociais] é um dos maiores riscos da atualidade. Além disso, as crianças já não brincam umas com as outras, já não socializam ou têm amigos reais. Isto pode levar a uma distorção dos valores.
PS: Já alguém definiu a adolescência como uma situação de conflito entre um ardente desejo de autonomia e um sentido pesadíssimo de dependência. O diálogo mais usual passa por “eu quero fazer o que me apetece” e “então, vai trabalhar”. A adolescência é uma época completamente diferente — o adolescente acha sempre que descobriu a pólvora — que é preciso respeitar. Em relação às tecnologias… eu não as diabolizaria. As tecnologias, sobretudo as de comunicação, têm muito mais benefícios do que malefícios – os carros têm muito mais benefícios do que malefícios, mas há pessoas aí a bater com eles. Muito do que se tem falado é sobre o uso patológico das tecnologias ou das redes sociais… Acho que o Facebook, como ferramenta aberta, é como um carro familiar e é preciso considerar a diferença entre quem conduz e quem tem carta. O adolescente deve transgredir, devemos deixá-lo fazer porcaria, mas não muita; o risco faz parte da adolescência, mas julgo que o Facebook, como qualquer ferramenta aberta em termos de comunicação, deve ser gerida por um adulto. Exemplo disso é a partilha de passwords. Mas é preciso que os adolescentes tenham alguma intimidade porque só assim é que eles crescem.

Para que o seu filho utilize o Facebook de uma forma mais segura e responsável, explique-lhe:
– que deve escolher bem as informações que partilha e as pessoas com quem partilha;
– como funcionam as definições de privacidade;
– a forma como os outros utilizadores veem o perfil dele;
– que antes de publicar algo deve confirmar nas definições com quem vai partilhá-lo: se é com «Amigos», «Amigos dos Amigos», «Público», etc.;
– que nunca deve partilhar a password com ninguém;
– como é importante não revelar onde está, onde vive ou onde estuda;
– que nunca deve adicionar alguém que não conhece pessoalmente.

(Ensine o seu filho a dizer não, pág. 41 e 42)

O livro dá dicas para introduzir as crianças neste universo. Mas e os pais, será que eles também precisam de ajuda neste domínio?
RR:
Às vezes são os próprios pais que não estão preparados para introduzir o filho na Internet, porque são eles quem abusa das redes sociais. Exemplo disso é o pai que está no restaurante, sentado com os filhos na mesa e a brincar com o Facebook em vez de comunicar com a família. Que exemplo é que pode dar? O exemplo tem de vir de cima.
PS: Depois, há o efeito saturação: “Só para não te ouvir a fazer barulho, toma lá o iPad”. Mas o problema não é a tecnologia, e sim o uso que se faz dela, sobretudo a forma como os adultos a gerem. A maior parte dos jogos tem interatividade e há jogos bons e jogos maus. O problema não está nas tecnologias, como não está no avião que cai, mas no uso que se faz. Há uma geração que usa e abusa das redes sociais.

Porque é que acham que isto acontece?
PS:
Uma vez vi uma coisa caricata: era um pai, uma mãe e o respetivo filho, cada um com o seu telemóvel, a mandar mensagens à mesa do restaurante. Não falaram durante o jantar todo. Neste caso, isto é claramente patológico. Há 25 anos tínhamos a perceção de que o mundo virtual refletia o real. Um exemplo claro disso era irmos a um motor de busca e pesquisar os temas “sexo” e “Deus” — havia mais sites com referências a Deus do que a sexo, tal como havia mais igrejas do que casas de prostituição. Hoje, sites ligados à violência e ao sexo cresceram de uma forma desmesurada. Eram questões que existiam, mas que estavam localizadas e que hoje já não estão. Outro exemplo é o ciberterrorismo. O mundo virtual criou uma nova dimensão que está a atacar o mundo real e só um terço da população mundial é que tem acesso a computadores. É muito difícil perceber no que é que isto vai dar.

Existe uma idade limite para que uma criança se inicie na utilização da Internet e das redes sociais?
PS:
[A criança pode iniciar-se nesse universo] com qualquer idade desde que seja acompanhada

Isso também se aplica se a mesma criança tiver, por exemplo, quatro anos?
PS: Se estiver acompanhada, porque não? Antes também se dizia que os meninos não podiam ver televisão, que isso fazia mal à cabeça, e era mentira. Uma rede social autónoma destinada a uma criança é um conceito que não existe. Podemos ir buscar filmes e jogos engraçados à Internet para ver e jogar com os miúdos — o problema aqui é quem é que guia quem. A família, tal como a gente a concebe, é um conjunto de pessoas que se une por laços de vínculo afetivo e por um determinado interesse em comum, o qual tem um efeito pirâmide (há alguém que representa esse interesse comum, seja quem for, alguém mais velho que é seguido pelos mais novos). Os miúdos podem ir à Internet, podem ter um perfil de Facebook com os pais… O importante é ter um limite, uma definição de até onde uma criança pode ir, limite esse que é dado pelas práticas educativas. Você deixaria o seu filho atravessar uma estrada sem lhe dar a mão? Então, porque o deixa atravessar sozinho um autoestrada de informação como a Internet?

Existe vício da Internet e das redes sociais?
PS: Sim. Há dois estudos, um de 2013 e outro de 2014, que mostraram que as áreas do cérebro ativadas de algumas crianças quando estavam a jogar eram as mesmas que se ativavam perante o consumo de drogas e de álcool… É um outro tipo de adição. A ressaca ou a abstinência também é muito semelhante e inclui irritabilidade e suores.
RR: Hoje em dia, as crianças/adolescentes gerem os sítios que frequentam em função do wi-fi. É um drama. Não estar conectado é um drama.
PS: Já tive alguns casos de adolescentes viciados. Tiveram de fazer um desmame muito semelhante ao de outras adições.

O que pode provocar a adição à Internet ou aos videojogos?
– a falência das relações sociais, uma vez que os jovens passam horas intermináveis ao computador mesmo que não tenham ninguém  com quem falar;
– a deterioração dos ritmos funcionais, sobretudo dos ritmos de sono, com importantes repercussões, nomeadamente nas áreas funcionais da vida académica e social de um adolescente;
– problemas nas relações familiares, porque este é um problema que vai necessariamente provocar conflitos ou desconforto no seio da família.
(Ensine o seu filho a dizer não, pág. 35)

Quais são os sintomas de uma criança/adolescente que está a entrar numa fase perigosa de adição?
PS: O número excessivo de horas e o tipo de comportamento quando não pode utilizar a Internet.
RR: Isto do número de horas depende diretamente do controlo dos pais…
PS: Ou seja, a irritabilidade, os suores, tudo o que é típico da ressaca. Duas pistas muito simples: se o número de horas é excessivo e se a criança vai de férias e, não levando o computador, não sabe o que fazer e anda irritado, mal disposto, dorme muito ou dorme pouco.

De que forma é que as redes socias podem interferir negativa ou positivamente no crescimento de um adolescente?
RR:
Nas redes sociais cultiva-se um pouco a nossa personalidade, só colocamos as nossas melhores fotografias. Os adolescentes perdem muito tempo no Facebook, que antes talvez fosse ocupado a brincar, a estudar ou em serões com a família. O Facebook também é o bisbilhotar a vida dos outros. E quem tem mais likes é melhor… Aquilo estimula o adolescente. Agora, nas redes socais, podemos ser quem quisermos.
PS: Mas o adolescente tem de comunicar. Nós também escrevíamos cartas e/ou passávamos horas ao telefone. O adolescente não pode é ficar completamente ligado ao objeto de comunicação. Isso é perverso ou fetichista. Uma coisa é ele ter ânsia de comunicar… Aliás, vedar a comunicação ou o acesso aos meios tecnológicos é uma estupidez. É preciso haver um controlo para ver quando é que isto representa um perigo.

Manuel Arcêncio

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